Créditos: NRAO Outreach / Vimeo. |
A única maneira de entender um fenômeno, é conseguir observar um grande número desse fenômeno, a ponto de termos uma estatística razoável para poder fazer as interpretações de forma mais conclusiva.
Isso se aplica a tudo na nossa vida e principalmente em fenômenos astronômicos, quanto mais estrelas observarmos melhor será o entendimento de como elas funcionam, quanto mais galáxias observarmos melhor será a caracterização dos tipos de galáxias, quanto mais exoplanetas observarmos melhor poderemos entender a formação deles.
Mas existem fenômenos que não são tão fáceis assim de serem observados e detectados, mas que por sua vez são cruciais para entendermos o funcionamento de todo o universo.
Um desses são as chamadas FRBs, ou rajadas rápidas em ondas de rádio, ou explosões rápidas em ondas de rádio.
A primeira FRB foi descoberta em 2007, e desde então os astrônomos conseguiram detectar cerca de 140 dessas rajadas com os seus instrumentos. As FRBs sempre foram questão de discussão, onde já até se cogitou serem o motor de naves alienígenas.
Para tentar detectar mais FRBs e entender melhor o fenômeno, os astrônomos construíram no Canadá um observatório especializado na sua detecção, o chamado CHIME.
E agora saiu o catálogo do primeiro ano de funcionamento do CHIME entre 2018 e 2019.
E sabe o que aconteceu, nesse primeiro ano, os astrônomos descobriram 535 FRBs.
O CHIME é composto por 4 grandes antenas parabólicas e é estacionário.
O coração das antenas é um poderoso processador de sinais que é capaz de trabalhar com uma grande quantidade de dados, numa taxa de 7 terabits por segundo.
É esse processador que faz com que o CHIME consiga detectar tantas FRBs assim.
Com essas detecções, a biblioteca de FRBs cresceu de forma definitiva, e com isso é possível caracterizar muito bem essas explosões.
Os astrônomos conseguiram separar as FRBs em duas classes distintas, aquelas que se repetem e as que não se repetem.
Foram 18 repetidas na base de dados do CHIME.
Essa diferença indica que os mecanismos e fontes astrofísicas sejam diferentes para cada tipo de FRB.
E o por que estudar e detectar FRBs?
As ondas de rádio produzidas nas explosões viajam pelo universo e podem ser dispersadas ou interagir com a matéria entre a emissão e a recepção.
Assim as FRBs funcionam como um farol iluminando a matéria e a estrutura de grande escala do universo.
Os astrônomos já vislumbram que com uma detecção cada vez maior de FRBs, será possível não só entender de forma definitiva a natureza e a origem delas, mas também elas poderão ser usadas como uma grande fonte de pesquisa cosmológica, para mapear as grandes estruturas do universo e entender a sua arquitetura.